segunda-feira, 14 de julho de 2008

Fenda entre implante e munhão

Encontrei um trabalho de Mestrado defendido pelo Eduardo Mello Dias na Unigranrio que avaliou a presença de fendas entre o implante e a conexão protética e também o selamento bacteriano dessas conexões em alguns sistemas de implantes nacionais.

A dissertação está disponível ao público pelo site da Unigranrio, clique aqui para ver esta dissertação na íntegra.

Como esta disponível on-line acredito que não desrespeito os direitos autorais publicando aqui o Resumo devidamente referenciado.

Resumo
Estudos in vivo e in vitro demonstraram a contaminação da porção interna de implantes osseointegráveis por bactérias associadas à perimplantite. Considerando o biofilme bacteriano como um importante fator etiológico da perimplantite, a infiltração bacteriana poderá afetar a evolução do tratamento e interferir no sucesso a longo prazo dos implantes osseointegráveis. O objetivo do presente estudo foi avaliar a desadaptação na interface entre implante e seu respectivo pilar protético em seis sistemas fabricados e comercializados no Brasil, e verificar a infiltração bacteriana através dessa interface. Para a avaliação da desadaptação foram testadas cinco amostras de cada sistema: Neodent Titamax, Neodent Cone Morse, Titanium Fix, Conexão, SIN e Dentoflex, aos quais foram aplicados os torques recomendados pelos fabricantes. As medidas da desadaptação foram obtidas em 12 pontos eqüidistantes com auxílio de microscopia eletrônica de varredura, com aumentos de até 20.000 vezes. Na segunda etapa do experimento, oito conjuntos de cada sistema foram inoculados com 0,5µl de uma suspensão contendo Escherichia coli para análise da infiltração bacteriana. A leitura das amostras após a inoculação foi realizada com 24h, 48h, no 5°, 7°, e 14° dia, pela observação do turvamento do meio de cultura. A análise estatística dos resultados foi feita com o teste de Kruskal-Wallis e teste de Student-Newman-Keuls, em um nível de significância de 5%. Os resultados mostraram melhor adaptação para o sistema Titanium Fix (0,113±1,774µm), seguido pelos sistemas Neodent Titamax (0,852±0,639µm), Dentoflex (0,927±2,329µm), Conexão (1,319±1,600µm), SIN (2,301±1,774µm) e Neodent Cone Morse (3,232±2,821µm). O sistema que apresentou infiltração bacteriana no maior número de amostras foi o Neodent Cone Morse, com todas as oito amostras (100%), enquanto o sistema Dentoflex apresentou infiltração bacteriana em sete amostras (87,5%), Titanium Fix e Conexão apresentaram infiltração em cinco amostras (62,5%), SIN e Neodent Titamax apresentaram infiltração em uma amostra (12,5%). No presente estudo não foi possível estabelecer uma relação entre o tamanho da desadaptação e a infiltração bacteriana.

Paulo Tomazinho
Professor do Curso de Odontologia da Universidade Positivo
Mestre em Microbiologia (USP) e Especialista em Periodontia (SOBRAPE)
Consultor Científico da Implant KOPP

sábado, 12 de julho de 2008

Alendronato - Bifosfonatos



BIFOSFONATOS

Milhões de pacientes tem usados Bi ou Bisfosfonados para tratamento de metástases ósseas malignas, osteoporose, osteítes deformantes (Doença de Paget) e osteogênese inperfeita. Desde 2003, mais de 200 casos de osteonecrose nos maxilares tem sido descrita, somente nos Estados Unidos.
Em procedimentos que envolvam cirurgias ou exposição óssea uma anamnese muito bem feita se faz necessário para elucidar se o paciente, especialmente as mulheres adultas não faz uso desta medicação.

Para ajudar os colegas cirurgiões-dentistas vou postar aqui os nomes comerciais das principais drogas que contem bisfosfonatos.

Medicamentos genéricos
Alendronato (Biosintética); Alendronato (Novartis)
Outros medicamentos com o mesmo princípio ativo
Alendil (Farmoquímica); Bonalen (Biolab Sanus); Cleveron (TRB Pharma); Endronax (Solvay Farma); Endrox (Merck S.A.); Minusorb (UCI-Farma); Ostenan (Marjan); Osteofar (Elofar); Osteoform (Sigma Pharma); Osteoral (Aché); Osteotrat (Biosintética); Recalfe (Hebron)

CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
Bisfosfonato atua como um potente inibidor específico da reabsorção óssea mediada pelos osteoclastos. Os bisfosfonatos são análogos sintéticos do pirofosfato, que se liga à hidroxiapatita encontrada no osso.
Mecanismo de ação: ao nível celular, o alendronato mostra localização preferencial nos locais de reabsorção óssea, especificamente sob os osteoclastos. Os osteoclastos aderem normalmente à superfície óssea, porém, não apresentam a borda enrugada, indicativa de reabsorção ativa. O alendronato não interfere com o recrutamento ou fixação dos osteoclastos, mas inibe a atividade dos osteoclastos.

Farmacocinética
Veja no link mais informações sobre Absorção, Distribuição, Metabolismo e Eliminação

O que chamou muito minha atenção foi uma informação disponível sobre a eliminação do Alendronato que estima a meia-vida terminal desta droga em humanos exceda 10 anos, refletindo a liberação de alendronato do esqueleto. Ou seja, se a paciente é usuária de Alendronato virtualmente ela não pode realizar nenhum procedimento odontológico que implique em remodelação óssea como extrações, implantes e exposição óssea. Não encontrei relatos sobre ortodontia e periodontia, que a princípio também implica em remodelação óssea mediada por osteoclástos.


Paulo Tomazinho
Professor do curso de odontologia da Universidade Positivo
Mestre em Microbiologia (USP) e Especialista em Periodontia (SOBRAPE)
Consultor Científico da Implant KOPP.




Radfar L, Masood F.Bisphosphonates, osteonecrosis of the jaw, and dental treatment recommendations. J Okla Dent Assoc. 2008 Apr-May;99(7):28-9.
ANVISA.
http://bulario.bvs.br/index.php?action=search.2004032914145845987013000134&search=bifosfonatos#inicio